Então eu acordo. E com isso acorda também aquela vontade. Isso. Aquela vontade.
Eu acordo querendo ser acordada. Com uma passada de mão gostosa, com uma fungada no cangote dessas que bagunça a barba, o cabelo, a cabeça…
Eu tenho vontade. De sair de casa tarde. De demorar mais uns 15 minutos só pra desembaraçar o cabelo.
Tenho vontade de nem sair. Mas precisa. Essa vontade dá, mas não passa.
E daí dá vontade de falar putaria. De ouvir putaria. De trocar putaria. Dá vontade de brincar.
E nessas brincadeiras, entre mãos, braços e abraços a gente se pega, se beija, se puxa, se baba. E morre de sede. E mata todas as vontades.
Tem vontade que dá e passa. Tem vontade que só passa quando dá.
E eu aqui, tendo vontade, vivendo de vontade, morrendo de vontade.